Fui Bocage, o Rei das Broncas !

Nasci Manuel Maria de Barbosa l'Hedois du Bocage, em Setúbal no dia 15 de Setembro de 1765 e morri em Lisboa em 1805. Dizem que fui um dos maiores poetas portugueses e possivelmente o maior representante do arcadismo lusitano.

Herdei o Barbosa por parte do pai e o Hedois du Bocage do avô materno.Apesar das numerosas biografias publicadas após a minha morte, boa parte da minha vida permanece um mistério. Fui um homem moderno, pois acreditei sempre mais no sexo do que no amor.

Por causa das minhas broncas e da minha vida boémia estive engavetado no Limoeiro, no cárcel da Inquisição, no Real Hospício das Necessidades e até no Convento dos Beniditinos. Foi aí que Frei José Veloso me conseguiu pôr a viver de forma mais decente e recatada.

Morri de aneurisma numa rua do Bairro Alto.Também é lá do alto, que me puz a olhar para este Portugal e para o Mundo de hoje, e resolvi escrever neste blog umas novas broncas.

Nos meus tempos fui perseguido pela Inquisição e pelo Pina Manique, depois veio o Salazar com os seus esbirros da Pide, agora os governos de turno tentam impedir as criticas com perseguições modernas, com as Finanças a perseguir pelo IRS, escutas telefónicas, perseguições nas carreira e etc., etc., mas como eu já estou morto...o pior é para aqueles que ainda estão vivos !

domingo, 15 de julho de 2007

Todos perderam !

OS VOTOS EM ANTÓNIO COSTA NÃO ENCHEM O ESTÁDIO DA LUZ

Artigo do DN por João Miguel Tavares

As eleições são muito dadas a percentagens, mas não há nada como os números redondos. E os números redondos são estes: nove em cada dez lisboetas não votaram em António Costa. Tudo bem somadinho, o alegado grande vencedor da noite obteve 57 907 votos. Já vi mais gente no Estádio da Luz durante um Benfica-Gil Vicente.

Eleições em que todos os partidos dizem que ganham não é novidade. Mas eleições em que todos os partidos, do CDS-PP ao Bloco de Esquerda, efectivamente perderam nunca antes se tinha visto. Reparem:

Perdeu o PS. É verdade que foi o partido mais votado, mas classificar de vitória os seus anorécticos 29,5% só mesmo por piada. Costa teve menos votos do que Carrilho - e isso é descer muito baixo. Aliás, a máquina socialista acreditou tanto nos seus militantes que encheu a sede de campanha com camionetas do Norte. Os jornalistas tentavam falar com os incontornáveis "populares" e só encontravam gente de Cabeceiras de Basto. Eu até ouvi uma velhinha da ideia de Matusalém confessar que não fazia a menor ideia porque estava na capital numa noite de domingo. 62,6% de abstenção é preocupante, com certeza. Mas não tão preocupante quanto convocar militantes do Minho para abanar bandeirinhas em Lisboa.

Perdeu o PSD e o CDS-PP. Ser batido por Carmona Rodrigues é mais difícil do que eu ganhar à bola ao Cristiano Ronaldo - mas Fernando Negrão conseguiu. Negrão tem ar de ser um homem honesto, mas é tão eloquente como uma estátua da Ilha de Páscoa. Cada vez que o apanhei na televisão a fazer campanha ouvi sempre o mesmo: "Votar em António Costa é trazer o Governo para dentro da Câmara de Lisboa. Votar em António Costa é trazer o Governo para dentro da Câmara de Lisboa." Isso até o meu papagaio aprende a dizer. Para um comentário sobre o CDS-PP, é favor substituir "Fernando Negrão" por "Telmo Correia".

Perdeu o PCP e o Bloco de Esquerda. Ambos caíram em número de votos e em percentagem. Um caso triste, sobretudo para o Zé, coitado, que estava tão convencido das suas virtudes. Infelizmente, não é possível gostar em simultâneo dele e do Túnel do Marquês. E o Túnel do Marquês dá imenso jeito.

Até Manuel Monteiro perdeu. Monteiro teve menos votos do que aquele senhor que não gosta de imigrantes, embora se expresse pior do que um ucraniano. A Nova Democracia foi ultrapassada pela velha xenofobia. A partir do momento que se perde para o PNR, só há uma coisa a fazer: colocar lençóis brancos em cima dos sofás, apagar as luzes e ir à procura de uma vida melhor. Adeus, Manuel.

1 comentário:

  1. Como é que ninguém faz nada relativamente à cena de cabeceiras???

    Post muito pertinente: http://avenidacentral.blogspot.com/2007/07/abaixo-o-provincianismo-ii.html

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