Fui Bocage, o Rei das Broncas !

Nasci Manuel Maria de Barbosa l'Hedois du Bocage, em Setúbal no dia 15 de Setembro de 1765 e morri em Lisboa em 1805. Dizem que fui um dos maiores poetas portugueses e possivelmente o maior representante do arcadismo lusitano.

Herdei o Barbosa por parte do pai e o Hedois du Bocage do avô materno.Apesar das numerosas biografias publicadas após a minha morte, boa parte da minha vida permanece um mistério. Fui um homem moderno, pois acreditei sempre mais no sexo do que no amor.

Por causa das minhas broncas e da minha vida boémia estive engavetado no Limoeiro, no cárcel da Inquisição, no Real Hospício das Necessidades e até no Convento dos Beniditinos. Foi aí que Frei José Veloso me conseguiu pôr a viver de forma mais decente e recatada.

Morri de aneurisma numa rua do Bairro Alto.Também é lá do alto, que me puz a olhar para este Portugal e para o Mundo de hoje, e resolvi escrever neste blog umas novas broncas.

Nos meus tempos fui perseguido pela Inquisição e pelo Pina Manique, depois veio o Salazar com os seus esbirros da Pide, agora os governos de turno tentam impedir as criticas com perseguições modernas, com as Finanças a perseguir pelo IRS, escutas telefónicas, perseguições nas carreira e etc., etc., mas como eu já estou morto...o pior é para aqueles que ainda estão vivos !

sábado, 2 de junho de 2007

Aborto em Portugal

Aborto em Portugal: Menos que um quarto da população decide o futuro

Editorial de Timothy BANCROFT-HINCHEY - Director e Chefe de Redacção do PRAVDA.Ru

24.69 por cento dos eleitores votaram a favor do aborto. É a voz desta pequena percentagem da população que vai determinar que doravante, os que não têm voz nunca poderão falar a favor do seu direito à vida.

Com uma abstenção de 56,39 %, votos nulos 0,68% e votos brancos 1,25%, quer dizer que só 41,68% dos eleitores registaram um voto válido e destes, 59,25 votaram Sim, com o Não registando 40,75%.

Os plenos efeitos deste referendo deverão entrar em vigor só em 2008, visto que o sistema carece de regulamentação sobre a interrupção voluntária de gravidez nos hospitais públicos, enquanto a despenalização do acto depende de uma revisão do código penal.

O Primeiro Ministro, José Sócrates, declara que a nova lei incluirá clausulas que introduzirão um período de reflexão para a mulher que queira fazer uma interrupção voluntária de gravidez (3 a 4 dias), bem como sistemas de aconselhamento.

Assim o Partido Socialista (governo) vai primeiro tratar da despenalização, em que o acto do aborto deixa de ser crime, por alteração ao artigo 140º do código penal, colocando uma terceira alínea, permitindo a interrupção voluntária de gravidez até dez semanas num estabelecimento legalizado.

A notar, por causa da elevada abstenção (acima de 50 por cento) este referendo não é vinculativo, o que significa que o Parlamento não tem obrigação de introduzir a legislação. Como aconteceu em 1998, quando 68,06% da população se absteve de votar sobre o mesmo assunto, passados nove anos, a população portuguesa mais uma vez deixou claro que não queria um debate público e a subsequente politização de uma questão que não passa de um drama particular - e extremamente profundo.

A lembrar que em 2007, mais que três quartos do eleitorado não votaram a favor da interrupção voluntária de gravidez.

Timothy BANCROFT-HINCHEY
PRAVDA.Ru ( Edição em português )

História breve sobre o aborto.

Na Grécia Antiga, as leis de Licurgo e de Sólon, e a legislação de Tebas e Mileto tipificavam o aborto como crime.

Segundo o direito romano, não se considerava persona ao nasciturus, pelo que na Roma Antiga o aborto era permitido, embora se lhes reconhecesse direitos. Por exemplo se a mulher grávida fosse condenada à morte, suspendia-se a execução até ao nascimento.

No século II encontramos o primeiro registo de leis promulgadas pelo Estado contra o aborto decretando o exílio contra as mães e condenavam-se aos que administravam a poção abortiva a ser enviados para certas ilhas se fossem nobres e a trabalhos forçados nas minas de metal se eram plebeus.

Na Idade Média o direito canónico distinguia corpus formatum e corpus informatum. O primeiro é aquele que está em condições de receber a alma convertendo-se em feto animado, o segundo o que não tivesse chegado a esse estado. Houve discussão, mas em geral sustentava-se que a mudança dava-se aos 40 dias da concepção nos varões e 80 nas mulheres.

Na Idade Média, a Lex Romana Visigothorum editava penas severas contra o aborto. Durante o século XVIII muitos países do mundo criaram leis que convertiam o aborto em ilegal. O Código Penal francês de1791, em plena Revolução Francesa, determinava que todos os cúmplices de aborto fossem flagelados e condenados a 20 anos de prisão. O Código Penal francês de 1810, promulgado por Napoleão Bonaparte, previa a pena de morte para o aborto e o infanticidio. Depois, a pena de morte foi substituída pela prisão perpétua. Além disso, os médicos, farmacêuticos e cirurgiões eram condenados a trabalhos forçados.

Modernamente há a tendência de afirmar que são motivos religiosos o que mais motiva os que opinam contra a legalização do aborto. É verdade que para muitas das grandes religiões da Terra é criminoso, ou antes pecado grave, praticar o aborto. Mas com se viu até a anti-clerical Revolução Jacobina o proíbia com severidade!

O primeiro país do mundo a legalizar o aborto foi a União Soviética, em 8 de Novembro de 1920. Pela lei soviética, os abortos seriam gratuitos e sem restrições para qualquer mulher que estivesse em seu primeiro trimestre de gravidez. Os hospitais soviéticos instalaram unidades especiais denominadas abortórios, concebidas para realizar as operações em ritmo de produção de massa. Médicos estrangeiros que visitaram a União Soviética neste período para estudar a implantação do aborto referem que em 1930 um abortório com quatro médicos realizava 57 abortos em duas horas e meia. Aliás, desde 1913, Lenin já vinha defendendo a legalização do aborto. A política de despenalização foi interrompida em 1936 por Josef Stalin, para ser retomada anos depois da sua morte.

Comentário -Realmente foi incompreensível o extremo empenho da esquerda portuguesa na publicação da nova lei, que liberalizou totalmente o aborto em Portugal. Neste momento a nossa lei é muito mais radical que a lei espanhola e muitas outras na Europa. Vai ser realmente um suicídio no nosso crescimento demográfico. A nossa taxa de crescimento é de 0,334 % ( est. 2007), temos 10,59 %/1000 de nascimentos (est. 2007) para 10,56%/1000 de óbitos (est. 2007). a fertilidade é de 1,48 crianças por mulher (est. 2007).

A França, por exemplo, tem uma taxa de crescimento de 0,588%, 12,91%/1000 de nascimentos para 8,55%/1000 de óbitos com uma taxa de fertilidade de 1,98 crianças por mulher. A Finlândia tem uma fertilidade de 1,73 crianças por mulher, a Holanda tem uma fertilidade de 1,66 crianças por mulher, a Inglaterra tem uma fertilidade de 1,66 crianças por mulher, a Dinamarca tem uma fertilidade de 1,74 crianças por mulher.

Portugal, de uma população estimada em 10,642,836 (Julho 2007), 17,3% tem 65 ou mais anos de idade, 17.3% (homens 757,220/mulheres 1,080,699) valores estimados para 2007. A percentagem de jovens dos 0-14 anos é só de 16,5%.

Percebe-se uma das muitas razões que fez com que os franceses votassem à direita !

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